Open investment tem o objetivo de revolucionar a forma de realizar e gerenciar os investimentos.
Vivemos em tempos de mudança, onde a instabilidade política e econômica tem impactado o mundo todo. Mesmo diante desses desafios, notamos um dado interessante: o número de pessoas investindo seus recursos teve um crescimento considerável nos últimos anos.
De acordo com dados oficiais da B3, já são 17,6 milhões de investidores no Brasil, com um aumento de 34% em renda fixa e 23% em renda variável. Além disso, o número de investidores anjos registrou um leve aumento, de acordo com a pesquisa realizada pelo grupo Anjos do Brasil.
Esses dados mostram que há interesse em investimentos por parte de nossa sociedade. E é nesse contexto que surge o Open Investment, uma iniciativa revolucionária que faz parte do conceito mais amplo de Open Finance.
Neste artigo, iremos entender sobre a iniciativa do Open Finance e, em especial, o Open Investment. Exploraremos como essa solução pioneira promete democratizar o acesso aos investimentos, tornando-os mais acessíveis e fáceis para todos, sejam investidores experientes ou aqueles que estão apenas começando sua jornada no mundo financeiro.
O que é Open Finance
O sistema financeiro aberto, ou Open Finance, é um avanço do Open Banking, que tem como principal premissa o compartilhamento entre diferentes instituições, não só de dados bancários de um cliente, mas também de todas as instituições incluídas no ecossistema financeiro.
O Open Banking, por sua vez, é uma iniciativa do Banco Central muito relevante para o mercado financeiro. Ele permite a conexão e troca de dados entre instituições financeiras, por meio de APIs, caso o cliente assim deseje.
O objetivo principal de todas essas iniciativas propostas pelo Bacen é oferecer maior transparência e competitividade para o mercado financeiro.
Por exemplo, novas instituições financeiras, como as fintechs, vão poder ter acesso à mesma quantidade de dados que os bancos grandes. Isso facilita a oferta de melhores produtos para o consumidor final.
É importante enfatizar que o compartilhamento de dados só ocorre quando há autorização do cliente. Isto porque o Open Finance entende que o cliente é o dono de seus dados e não a instituição financeira.
O que é Open Investment
Com o tempo, o Open Banking, que se destinava principalmente a bancos, foi expandido e passou a incorporar também outras instituições financeiras, como corretoras, seguradoras, plataformas de investimento, etc.
Com esta expansão, a iniciativa passou a se chamar Open Finance e a fase relacionada a produtos de investimentos, Open Investment.
O Open Investment permitirá o compartilhamento de informações de investimento entre instituições financeiras e tem como principal objetivo a criação de um sistema.
Nesse sistema, será possível compartilhar, de forma segura e rápida, dados de clientes – conforme a solicitação e consentimento deles – com instituições e serviços do setor de investimento.
Como funciona o Open Investment
Da mesma forma que funcionam as outras ações do Open Finance, para o funcionamento do Open Investment é necessário uma interface de programação de aplicações (API) – uma ferramenta usada para permitir a troca de dados entre diferentes sistemas e/ou instituições.
Através desse sistema, os clientes poderão decidir entre compartilhar seus dados ou não e escolher com quais instituições financeiras, bancos e corretoras irão realizar esse compartilhamento.
Após realizado esse passo, os usuários poderão ter acesso a produtos e serviços de diferentes instituições financeiras, que condizem com seu histórico, e tomar decisões mais assertivas ao poder comparar as opções disponíveis.
As próprias instituições financeiras, ao terem acesso aos históricos dos clientes, poderão oferecer produtos mais assertivos e condizentes com o perfil de cada um dos usuários. Poderão até mesmo criar produtos personalizados e condições especiais para cada perfil.
Inicialmente, o Open Investment irá funcionar para os seguintes investimentos:
- CDB (Certificados de Depósitos Bancários);
- RDB (Recibos de Depósito Bancário);
- LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio);
- CRI e CRA (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio);
- Cotas de fundos de Investimento;
- Títulos do Tesouro Direto;
- Ações;
- Cotas de fundos de índices listados em bolsa;
- Debêntures.
Como o Open Investment irá beneficiar os investidores
Os benefícios são similares aos do Open Finance de forma geral.
Poder na mão do investidor
Assim como no Open Finance, no Open Investment, os dados pertencem integralmente ao cliente, que, por sua vez, é o único responsável pela decisão do compartilhamento de suas informações com outras instituições de sua escolha.
Mais dados, mais ofertas
Ao ter acesso aos dados e históricos de investimento dos clientes, as instituições poderão oferecer produtos e serviços condizentes com o perfil de cada um dos consumidores, oferecendo mais vantagem para os clientes e fomentando ainda mais a competitividade no mercado.
Fácil acesso e maior transparência
Com a implementação do Open Investment, os investidores poderão utilizar aplicativos agregadores em seus smartphones e, por eles, realizar pagamentos, movimentar suas contas, gerenciar suas carteiras de investimentos, acompanhar sua rentabilidade, além de pesquisar novos produtos e serviços, entre outras funcionalidades.
Além disso, um outro grande diferencial é maior transparência de taxas e retornos entre instituições e a maior facilidade para a portabilidade de investimentos.
Maior acessibilidade
A tendência é que com o Open Investment, as instituições irão buscar cada vez mais clientes, incentivando mais pessoas a realizarem investimentos através de ofertas mais vantajosas e produtos especialmente pensados para cada perfil do público.
Quão seguro é o Open Investment
Todas as iniciativas do Open Finance, incluindo o Open Investment e as instituições financeiras participantes, são reguladas pelas principais instituições do Brasil, como, por exemplo, o Banco Central, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) e Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), o que garante a segurança desses movimentos.
Além disso, os usuários contam também com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), assim como um sistema de criptografia que garante a proteção dos dados e permite que apenas o investidor tenha o poder de decidir o que será ou não compartilhado.
Quais são os próximos passos?
O Open Finance ainda está em implementação, mas já houve muitos avanços.
Até o momento, já é possível o compartilhamento de informações cadastrais e transacionais, além de operações de crédito e cartão de crédito. Tudo isso sempre com o consentimento do cliente, que não precisa começar o relacionamento do zero quando chega a uma nova instituição.
Agora, ainda há pela frente uma série de melhorias a serem feitas no compartilhamento atual de dados e a execução da Fase 4 do Open Finance, que inclui o Open Investment, seguros e outros serviços, já incorporando outras instituições além dos bancos.
Além disso, ainda será necessária uma longa jornada de educação do consumidor final, para que este possa tirar o melhor proveito do sistema de Open Finance.
Artigo escrito em parceria com nossa associada, especializada no setor de finanças, Viviane Sales.